O mito na região de Araxá narra que Ana Jacinta de São José foi uma cortesã de Minas Gerais, que tem a memória marcada pelo saudosismo de uma heroína. Um fato que mexe com o imaginário. Ainda na adolescência a personagem foi carinhosamente apelidada como Beja, pelo primeiro namorado, fazendo referência ao beija-flor, um pássaro muito comum na região e de beleza excepcional. Com a visita do ouvidor do rei (que vinha de Vila Boa, capital da província de Goiás, a São Domingos de Araxá no Sertão da Farinha Podre, hoje região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, também pertencente à província de Goiás na época) Beja foi raptada por tamanha era sua beleza e seus encantos. Levada para Vila de Paracatu do Príncipe junto ao ouvidor Beja recebeu finos tratos e instalações dignas de uma princesa. Narra à história que o ouvidor passava sobre o olhar atento da justiça de Goiás, pelo fato de ser o mandante do rapto da moça e do assassinato de seu avô, que tentara impedir o fato. Dando ouvido aos palpites de Beja, o ouvidor se empenhou em usar sua influência para voltar os alcances das terras do Sertão da Farinha Podre, a pertencerem novamente a Minas Gerais, de onde fora separado em meados de 1848, o que faria dele um homem livre dos olhos da justiça de Goiás. Assim a partir de 1816 o Triângulo volta a pertencer a Minas.
Hoje parte da história de Araxá de onde vem o primeiro ideal de emancipação é contada através dos famosos vitrais coloridos que retratam mapas do estado e os banhos nas águas energizantes e sulfurosas, e que decoram o teto das Termas, no Complexo Hidrotermal do Barreiro, inaugurado em abril de 1946. Nas paredes, afrescos com pinturas que retratam a história de Araxá desde a descoberta pelos bandeirantes, circulam o piso central, em um formato arredondado, cujo as pedras de mármore branco e preto formam no chão uma grande mandala de oito pontos. A construção localizada na cratera de um vulcão extinto fica a aproximadamente cinco quilômetros da cidade, é dotada de grandes janelas de vidro, de onde se pode observar um grande lago que ao redor é marcado por belos parques e jardins projetados por Burle Marx, um dos maiores paisagistas do século, premiado internacionalmente, e falecido em 1994 no Rio de Janeiro, aos 84 anos.
Extraído do livro reportagem - O Triângulo Mineiro em busca de uma nova fronteira: as faces do discurso emancipacionista. Autor: Luiz Carlos Florentino
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